Na distância de uma flor

quando te olho não vejo um corpo ou células ou partes.

Isabella Dragão — cinema da vida real em Reza Nua na Avenida Paulista, Agosto 2022.

não, quanto te olho o que vejo em ti são movimentos que talharam uma espécie de contorno, alguma coisa que não sei explicar, que nunca compreendi, mas que sem saber vivi e experimentei.

e é tudo que eu quero fazer agora, depois de ter feito tudo… e sentir esse livre tempo ser zen ação, literalmente sentado em muralha de templo te contemplando

estudos da presença

me identifico demais contigo, aí vem as sensações… espirituais.

enquanto fico aqui lapidando poeminha
onde ficar pronto seria como pintar teus olhos e ver tua alma
além da fresta, mas por inteira e já vi: alma flamejante
contigo em tantos lampejos do teu Ser e te vivi trovoada
e de revoada a gente se moveu
e movimento feito
aqui restou

inacabado, imperfeito
resto um tipo de inteiro
de palavra escolhidas
na ponta dos dedos
no céu da boca
na planta dos pés
semente dos dedos

em teus passos de dança
tuas cordas de voz
teus laços de nós

por teus pés de água
deságua teu sol
tua lua

em seiva de prata
revelada
mais um brilho
de manhã

230112–1000